No texto de Lévy o tema central é a cibercultura, ciberespaço, e a nova relação com o saber no futuro dos sistemas de educação e formação. Para Levy, o futuro dos sistemas de educação e formação devem ser pensados tendo em conta a velocidade com que surgem e se renovam os saberes; a nova natureza do trabalho e a crescente transação de conhecimentos; e, o facto de o ciberespaço suportar tecnologias intelectuais que ampliam, exteorizam e modificam as funções cognitivas humanas, favorecendo novas formas de acesso à informação, novos estilos de raciocinio e conhecimento, o que faz aumentar o potencial da inteligência colectiva.
Para ter acesso ao saber, ao conhecimento, já não se torna necessário definir com antecedência o programa que se vai seguir, já não é necessário planejamento. Através de um novo espaço- o ciberespaço- o individuo tem a possibilidade de ter acesso a esse conhecimento, ao saber que pretende adquirir. São exemplos dessa nova forma de obtenção de conhecimento o EAD (ensino aberto e à distância) que explora certas técnicas de ensino à distância, um novo tipo de pedagogia que possui dupla função: aprendizagens personalizadas e aprendizagem colectiva, tudo isto possivel através do computador. A questão que se coloca é o papel do professor. Deixou de ter importância? Eu creio que não pois, neste caso, ele deixa de ser transmissor de conhecimento e passa a ser um "animador da inteligência colectiva". Passa a possuir um papel secundário mas não menos importante. Este novo tipo de ensino acaba por ser uma revolução no método de ensinar mas será que pode ser comparado com o método tradicional dentro de uma sala de aula? Terá o mesmo valor, o mesmo resultado? Sairão preparados para o mundo de trabalho? Assim como o professor tende a obter um papel secundário na transmissão do saber, as universidades e as escolas passarão também a ter outra função: não serem mais as detentoras do poder da criação e transmissão do conhecimento mas sim uma função de orientadoras de percursos individuais.
O uso da Internet ganha proporções estrondosas. Usado por milhares de usuários, a Internet passou a ser um dos principais eixos de desenvolvimento do ciberespaço. Trata-se de um espaço onde tudo pode ser encontrado, em mutação constante, actualizações constantes. Hoje qualquer um tem acasso ao conhecimento, tenso a capacidade de autoeducar-se.
A transmissão do saber sofreu alterações ao londo dos tempos. Inicialmente o saber era transmitido através da palavra, estando depositado na "comunidade viva". Com o surgimento da escrita o saber passou a ser transmitido através dos livros. E agora? Assiste-se a uma forma diferente de transmitir conhecimento: o ciberespaço, onde as comunidades humanas descobrem e constroem seus objectos e se reconhecem como colectivos inteligentes.
O ciberespaço tende a tornar-se, na opinião do autor, a principal infra-estrutura de produção, transação e gerenciamento económicos, sendo em breve o principal equipamento colectivo internacional da memória, pensamento e comunicação. Trata-se de um memorizador, onde se pode armazenar toda e qualquer informação, passando o pensamento a ser colectivo e não individual, facilitando a comunicação, independentemente das proximidades geograficas e das filiações institucionais.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
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4 comentários:
Olá Natacha!
Parabéns pelo texo, muito bem escrito!
Porém, gostaria de problimatizar alguns aspectos que você aponta no texto:
- quando Lévy fala "sem programa" será que ele suger que não utilisemos mais o planejamento de nossas atividades? Creio que, pelo contrário, justamente por todas as alterações contemporâneas que nos fazem estabelecer outras relações com os saberes, temos que ter um cuidado ainda maior em nosso planejamento, porém com outros propósitos. Concordo quando você fala (e Lévy tb) que o professor deixa de ser um transmissor: então, faria sentido planejarmos nossas atividades pautadas na trasmissão? Se não faz mais sentido que este seja nosso objetivo, qual passa a ser o propósito da educação? e quais ações passam a contemplar estes planejamentos?
faria sentido engessarmos nosso planejamento em um programa rígido e visando a transmissão de saberes obsoletos? pensar dessa forma não significa que não vamos mais trabalhar com informações: significa que consideramo-as como passíveis de transformações, o que pede um planejamento sim, mas que suporte o novo, o imprevisto, o diferente.
- acesso e transmissão de conhecimento e saber??
se o conhecimento é a apropriação individual das informações, mescladas com a história de vida de cada sujeito, passíveil de interpretações e releituras, como seria possível transmitir esse processo a outros sujeitos?
porém, temos acesso a informações, e, no contexto educacional, priorizamos situações onde tal apropriação tenha condições para que aconteça.
- dessa forma, o professor deixa de ter importância? passa a ter um papel secundário? muito pelo contrário! Orientar para a reflexão crítica e a busca por informações apropriadas é muito mais difícil do que a simples transmissão de informações. É como conversávamos na aula passada: eu poderia dar uma palestra ou criar estratégias para que vocês se apropriem criticamente e dispostos a buscar as atualizações de seus conhecimentos. O que é mais relevante? Se o professor passa a ter esta segunda função ele passa a ter um papel secundário?
- o acesso a informação faz com que os coletivos sejam "inteligentes"? é exatamente deste ponto que prosseguiremos nesta semana: emergem novos elementos da relação entre os sujeitos, sendo que, dessa forma, estes não devem ser considerados isoladamente, mas interligados em um contexto e a um conjunto de outros indivíduos. É a necessidade do pensamento complexo que Morin apresenta.
Seu texto traz vários aspectos relevantes para nossas discussões! Traga-os para aprofundá-los.
Natacha, gostaria de saber como você diferencia em um docente de EAD para uma de EP(ensino presencial)? E se hoje você conhe ce alguns modelos de EAD?
Faço minhas as palavras da professora: muito bem escrito o texto.A iternet sem sombra de dúvidas foi a grande alavanca para o ciberespaço, o que antes do seu surgimento parecia impossivel de ser realizado, apos este advento passou a ser coisa simples que qualquer um em qualquer lugar com acesso pode realizar tranquilamente.Mas perdeu-se em parte um pouco do metodo da peneiracao das informacoes, td esta muito mais acessivel e consequentemente causa uma acomodacao nas pessoas,devido a busca ser rapida.Nao fazendo dessa forma o choque de referencias.Isso tambem acontece(ia) com o livro e muitas vezes a internet apenas substituiu o livro didatico nesse processo.Ao meu ver ambos tem a mesma importancia,se quem estiver lidando com as informacoes souber separar o joio do trigo,pois assim como existem livros de fontes duvidosas existem artigo virtuais nessa categoria tb!
Natacha, é evidente que o EAD não é totalmente eficiente, pois deixa de ter o contato diário docente- discente. Não precisamos ir longe, basta colocarmo-nos como exemplo. Se já é bastante complicado trabalharmos alguns temas no ensino presencial,que temos o contato diário com o docente, imagina os discentes de EAD?Mas e como o ensino chegará em locais de acesso precário, visto que temos um país com enorme território e a situação econômica atual?
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